
Acabei de ler uma frase que dizia: “Sou boba demais para os intelectuais e intelectual demais para os bobos.” E não há citação que me resuma melhor do que essa.
Sempre me senti no meio-termo, sempre na média, sem nunca me encaixar por completo em nenhum grupo. Era como o patinho feio, perdida no meio de uma multidão que parecia se conhecer muito bem, enquanto eu não sabia ao certo para onde ir ou o que ser.
Por muito tempo, acreditei que estar nesse “meio” era algo ruim. Sentia que pairava sobre um limbo interminável. Mas, com o tempo, compreendi que o meio pode ser, na verdade, o equilíbrio ideal. O espaço onde simplesmente nos permitimos ser, sem excessos, sem rótulos, sem cobranças.
Estar no meio é entender que nunca seremos 100% algo. Em todos nós há um pouco de luz e um pouco de trevas, e tudo isso se equilibra em doses humanas. Não somos uma coisa só. Não cabemos em uma definição única. Somos plurais e nos multiplicamos em pedaços, em fases, em versões diferentes de um mesmo ser. Somos, como diria Raul Seixas, uma metamorfose ambulante. E mais do que aceitar isso, é preciso entender: é normal ser assim.
Ser fluida entre as muitas possibilidades de existir é algo belo. É ser 50% uma coisa hoje, 80% outra amanhã, e na semana que vem talvez abrir espaço para uma nova versão que nem sabíamos que existia.
Querer ser formal demais pode nos tornar rígidos. Querer ser boba o tempo todo pode impedir que alimentemos a mente. E é aí que está o ponto: podemos ler um clássico e, na sequência, uma boa fanfic. Podemos assistir a uma série densa e depois rir com uma sitcom. Podemos, e devemos, permanecer no equilíbrio. Nossa mente precisa disso. Precisa do riso, do leve, do profundo e do banal. Precisa, sobretudo, rir de si mesma.
Hoje, abracei o meio e ele me define. Ser “mediana” já não me causa dor. Pelo contrário: compreendi que isso é parte de quem sou e não há nada mais libertador do que apenas ser e não competir pelo topo.







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