Confusidades

Vocês já sabem que eu sou escritora independente, né? E hoje eu quero abrir meu coração e contar um pouco sobre como é essa vida e, principalmente, sobre o porquê eu escolhi ser escritora.

A escrita sempre esteve comigo, desde que me entendo por gente. Desde pequena, ela foi meu refúgio, meu abrigo, a forma mais sincera que encontrei de me expressar, entender meus sentimentos e, muitas vezes, sobreviver a eles. Escrever sempre foi, para mim, um jeito de me libertar.

Aos 13 anos, escrevi minha primeira história: uma menina que descobria ser uma princesa no mundo da lua. Na 8ª série, me aventurei num romance que, pasmem, acabou ficando com o ex-namorado de uma amiga minha e eu já não me lembro mais de nada dele.

Mas, por um tempo, eu parei de escrever. Me tornei apenas leitora. A escrita ficou restrita aos meus diários, onde eu despejava minhas confusões internas, meus medos e inseguranças. Eram aquelas páginas que me salvavam, que me mantinham de pé nos dias mais difíceis. Mas, mesmo assim, eu me sentia pequena… uma péssima escritora. Eu não acreditava em mim, nas minhas palavras, nas minhas ideias. E, por não acreditar em mim, deixei de acreditar nos meus próprios sonhos.

Fui uma adolescente bem perdida, muito sensível e cheia de emoções transbordando e, ao não me enxergar como alguém capaz, fui me afastando do que mais me fazia bem: escrever.

Até que, aos 19 anos, levei um belo pé na bunda (sim, às vezes a vida precisa dar umas sacudidas na gente) e, nesse processo, voltei a escrever. Foi quando nasceu meu primeiro blog, “Confusidades”, meu famoso “blog da TPM”, onde eu publicava textos intensos, tristes e reflexivos. Textos que, de certa forma, me ajudavam a tirar pra fora todas as sombras que me sufocavam.

Mas escrever histórias? Isso ainda parecia grande demais pra mim.

Só que, em 2020, no meio da pandemia, mexendo em coisas antigas, reencontrei aquele livro que escrevi aos 13 anos. E, pela primeira vez, eu consegui olhar pra ele e pensar: “Isso é bom. Isso tem valor.” E foi assim que decidi resgatar meu sonho esquecido.

Cinco anos se passaram desde então. Hoje, tenho quatro livros publicados, dezenas de histórias na cabeça, leitoras queridas que me acompanham, amigas escritoras que caminham comigo e uma comunidade que me faz acreditar, todos os dias, que vale a pena.

Ser escritora não é fácil. Sentir demais, observar demais, mergulhar fundo nas emoções, tudo isso pode ser pesado. Mas também é o que faz nascer as melhores histórias. Sempre digo que nós, escritoras, não somos fofoqueiras… somos observadoras profissionais! E, sim, cuidado ao entrar na vida de uma escritora: você pode, sem perceber, se tornar personagem do próximo livro dela.

A verdade é que eu escrevo porque eu preciso escrever. É nas palavras que eu encontro abrigo, aconchego e sentido. É escrevendo que eu me reconecto comigo mesma, que transformo dores em beleza e que, de alguma forma, curo minhas próprias feridas.

Ser escritora independente no Brasil e, quem sabe, no mundo, não é fácil. Mas é profundamente recompensador quando uma leitora se conecta com a sua história, quando você percebe que aquilo que nasceu do seu coração encontrou abrigo no coração de outra pessoa.

Sempre digo e repito: se a minha história encontrou um único coração… então, tudo valeu a pena!