O Enigma Chamado “Ser Humano”

Ah, as pessoas…. Elas têm esse dom peculiar de nos encantar e, num piscar de olhos, nos desencantar. São mestres em sorrir quando a alma grita por um rio de lágrimas, em fingir com uma arte que beira a perfeição. Observo-as e me pergunto: por que se privam tanto do pensar? Gastam horas, dias, meses e até anos em labirintos que não mereceriam nem um minuto de atenção, enquanto negligenciam aquilo que realmente importa.

E, paradoxalmente, as pessoas também pensam demais. Inflam-se em certezas que logo se mostram frágeis, acham-se no topo de montanhas que nem existem. Os conceitos, esses que deveriam nos guiar, deformam-se, deturpam-se, tornam-se inofensivos. Não há senhor da razão, nem uma verdade absoluta que resista ao tempo, mas todos, absolutamente todos, parecem querer empunhar essa bandeira da certeza. Mentem, ferem, e ainda assim, estampam um sorriso no rosto. Não entendem, mas insistem em discutir. Não buscam outras realidades e se aconchegam na que lhes é apresentada, como se não houvesse mais nada além do próprio umbigo.

Juro que não entendo as pessoas. E nessa confissão, incluo-me sem hesitar. Afinal, apesar dos pesares e das minhas próprias (e incontáveis) contradições, creio que sou uma pessoa. E, no fim das contas, eu também não me entendo. Somos todos enigmáticos, difíceis, estranhos, por vezes irritantes e, francamente, sem muito sentido aparente. Algumas almas nos conquistam com a leveza de um sopro, outras nos irritam com a constância de uma goteira, e há aquelas que simplesmente passam, sem causar nem um arrepio.

Amizades e inimizades são as inevitáveis consequências desse convívio com esses seres tão complexos. É preciso uma dose extra de paciência para navegar por tantos conflitos, por tantas camadas que habitam um único indivíduo. É preciso paciência para ouvir sem julgar, para falar com a alma, para rir até doer a barriga, para chorar sem vergonha e, finalmente, para tentar entender. Muitos, diante de tamanha complexidade, preferem o isolamento, o ódio ao outro. Mas a verdade é inegável: somos todos humanos e, por essa simples condição, somos todos, de certa forma, “chatos”. Carregamos nossos defeitos como marcas de nascença e, se odiamos o outro, no fundo, é um espelho de um auto-ódio que não ousamos confessar.

Não há muito que possamos mudar neste vasto mundo, exceto a forma como convivemos uns com os outros. Não há para onde fugir. Se nos privamos da companhia, a solidão nos enlouquece. Se nos entregamos à convivência, bem, a loucura parece ser um destino inevitável. E a minha conclusão, essa reflexão que insiste em martelar na minha cabeça, é que, no fim, somos todos um pouco loucos, um tanto “chatos”, e obras de um Criador que talvez tenha se divertido um bocado ao nos moldar. Afinal, vai entender o que se passou na cabeça de Deus ao nos criar e nos amar tanto, mesmo com todas as nossas imperfeições.


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Prazer, Grazi

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