
Talvez seja a terceira vez que abro esta página em branco tentando escrever algo que alivie o peso do peito. Parece que aquilo que mais gosto foi, de repente, esvaziado de mim. Descobri que até posso gostar de escrever, mas, na real, não sei muito sobre isso: não domino regras sintáticas, não lembro de cor o que é uma paroxítona e nem sempre sei onde colocar uma vírgula.
Mas será que, para falar de sentimentos, é preciso obedecer a tantas normas? Para falar daquilo que transborda, que arde, que angustia e também faz sorrir, será mesmo necessário decorar manuais de gramática?
Às vezes penso que escrever não é seguir regras!! É justamente se perder delas. Escrever é derramar a alma numa folha ou numa tela. É vomitar sentimentos em um liquidificador de palavras. É sentir o alívio de dar forma ao que a mente confusa não consegue organizar. É uma espécie de terapia silenciosa, um ato de coragem: se deixar nua diante de uma multidão invisível.
No fim, escrever talvez seja isso: falar para o nada e, sem perceber, alcançar alguém. É descobrir que, mesmo quando a solidão insiste em nos rodear, existe uma ponte construída de palavras que pode nos conectar a outros corações.
E é nesse espaço entre as vírgulas e os silêncios que sigo tentando escrever sem regras, é escrever com a verdade.







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