
A leitura de São Bernardo, de Graciliano Ramos, é uma experiência intensa e desafiadora. Considerado um dos grandes clássicos da literatura brasileira, o livro exige um mergulho atento no estilo característico do autor, marcado por um regionalismo forte e um vocabulário que muitas vezes pede o apoio de um dicionário. A minha sorte foram as notas de rodapé na minha edição da Antofágica que me ajudaram a desvendar o vocabulário do autor.
O romance acompanha a trajetória de ascensão e queda de Paulo Honório, narrada pelo próprio personagem. Desde sua infância traumática, passando pela prisão, até se tornar o dono da fazenda São Bernardo, o protagonista encarna um retrato cru de um país marcado pela desigualdade. Seu comportamento evidencia a lógica cruel de que o sonho do oprimido é tornar-se opressor: ele humilha, espanca funcionários, trata todos ao redor com brutalidade e até mesmo seu casamento com Madalena é motivado apenas pelo interesse em gerar um herdeiro.
A obra, em minha opinião, ganha força especial em suas últimas páginas, quando Paulo Honório, já em decadência, se lança em um monólogo poético e denso, revelando a solidão e a ruína de um homem que viveu apenas para acumular poder e preservar sua propriedade.
Embora eu não tenha conseguido me conectar profundamente com a leitura, em parte pelo estilo regionalista, eu considero São Bernardo uma obra fundamental para quem deseja compreender melhor a literatura nacional e os dilemas sociais do Brasil. Um clássico que desafia e provoca reflexões profundas.







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