Acho tão chique aquelas mulheres caladas, sensatas e tímidas. Elas têm um mistério que as envolve, uma aura que desperta curiosidade. Não revelam quem são de fato, e são como quebra-cabeças que dão um gosto a mais em desvendar.
Admiro profundamente as mulheres que sabem o momento exato de falar, que ponderam as palavras e observam antes de opinar. Aquelas que são quietas, discretas e sabem se comportar com elegância natural.
Porque, olha… eu não sou nada disso.
Eu falo pelos cotovelos, rio de coisas idiotas, fúteis e, às vezes, até do que não deveria — como da desgraça alheia. Pior: rio nos piores momentos. Falo quando deveria ficar quieta e, muitas vezes, sou solenemente ignorada. Conheço alguém e já conto toda a minha vida, meus planos, meus sonhos, o passado e até o futuro. Mistério? Nenhum. Meu olhar e meu rosto já dizem tudo, e mesmo assim eu ainda insisto em falar.
Queria ser quieta, mas puxo assunto com o cobrador do ônibus, com a vovó na fila, com o cachorro da rua. Faço palhaçadas, grito, canto sozinha e dou risada alta. Canto no ônibus, na rua, no metrô. Não importa o lugar! O que importa é se estou com meus fones e uma boa música tocando.
Ah, como admiro as mulheres ponderadas. Juro que queria ser uma delas. Mas parece que o universo conspirou contra mim e me deu justamente o pacote completo de qualidades — ou talvez defeitos — que elas não teriam. Sou dramática, faladeira, meio maluca e totalmente sem noção em certas situações.
Por muitos anos, odiei ser assim. Meu maior sonho era ser misteriosa, me dedicar a observar em silêncio e exalar elegância. Mas quando percebo… já estou falando, de novo, e me culpando mais uma vez.
Não posso dizer que amo esse meu jeito explosivo e caótico, mas aprendi a lidar com ele. Afinal, o que posso fazer se essa é a minha essência?
Aceitei que nunca serei a mulher misteriosa que sempre quis ser, mas sim um livro aberto, daqueles que todo mundo já sabe o enredo. Fazer o quê, se essa sou eu?
Confusidades 
Deixe um comentário